domingo, 16 de novembro de 2008

Ironia

Conheci uma menina há algumas semanas. De lá pra cá ficamos algumas vezes, não muitas, mas algumas. Ela me chamava de amor, eu não falava nada. Ela botava fotos minhas no orkut, eu não fiz nada disso. Ela elogiava cada centímetro do meu corpo e falava que meu beijo era perfeito...eu não dizia nada disso.

A última vez que ficamos foi quinta-feira.
Era uma noite úmida, a garoa teimava em cair imediatamente minguando até desaparecer por mais alguns minutos, quando caía novamente; a Lua iluminava e eu encontrei esta menina em uma praça.
Sentamos em uma mesinha e ela se aninhou no meio dos meus braços. Ficamos lá por volta de duas horas e nos despedimos com um beijo. Ela falou que queria sair comigo de novo e eu não falei nada.
Quando cheguei em casa, briguei com minha família por ter chegado tarde. Ela valia a pena eu ter brigado com minha família, mas eu nunca diria isso. Nem pra ela, nem pra minha família, nem pra mim mesmo em voz alta.

Quando chegou sexta-feira, ela começou a namorar. Alguns que lerem isso poderão pensar:

- Ela fez isso por sua frieza.

Não, ela não fez isso por minha frieza, simplesmente pq eu não era frio. Eu não dizia tão facilmente essas palavras bonitas, mas os gestos diziam muito bem o que eu não expressava verbalmente.
É engraçado ver essa dicotomia e pensar no desconcerto do mundo que foi discutido por Camões. Segundo ele, o mundo estava às avessas, pois os bons sofriam penas injustas e os maus eram agraciados com a boa sorte. Pois esse mundo desconcertado de Camões está nesses pequenos detalhes: aquela que mais demonstra seu sentimento está, na verdade, mentindo e aquele que não demonstra tais sentimentos sofre com a perda.

Por Alvaro Scorza

6 comentários:

o.revoltado disse...

às vezes para uns palavras valem mais que gestos. fzr o q né???

Alana Wenu disse...

Nossa, biscuit!
A gente tá muito em sintonia... suas reflexões têm pacas a ver com esse meu post: > http://serpenteestelar.blogspot.com/2008/11/silncio-dos-minutos-diretos.html

Eu adorei a sua forma de escrever nesse texto. Tá bem escrito demais, os "eu não dizia nada disso", "eu não fiz nada disso" que se repetem dão um ritmo muito interessante.

Só acho que não é algo assim tão definitivo e fechado. Não acho que ela estivesse, obrigatoriamente, mentindo. Acho que as coisas mudam, é o velho girar do mundo.

Se fosse assim como você falou, ninguém se lançaria de cabeça em nada... só pensando no AMANHÃ, quando o relacionamento chega ao fim.
Algo como "não é pra sempre mesmo, então não vou mergulhar"

Acabamos deixando algumas pessoas pelo caminho mesmo. É sempre mais doloroso ser o "deixado" do que "o que deixou". Mas aquele que deixa também sente dor e também vai ser deixado algum dia, se é que já não o foi...
E aquele que é deixado, um dia, também vai deixar.
Ninguém fica estagnado em um papel ou outro, é sempre o movimento.
Procura não julgar não...

Enfim, é só a humilde opinião da menina aqui.

Adoro usted! É tão bom quando você atualiza ¬¬'
hiahiahiaihahaihiahiaihahia

Biiiiiiiiiiiiiiiiises, mon biscuit!

Alana Wenu disse...

Comentário grande bagarai
¬¬

=*********************************

Unknown disse...

Na boa, biscoita (pode chamar assim?) acho que sou da última geração do romantismo xD Sabe qual a saída né? =/

Alana Wenu disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Alana Wenu disse...

Caraca, fiquei viajando!
Agora que fui lembrar das aulas de Lit. Comp.
hiahiahiahiaiha

=*