sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Um sábado qualquer

Havia brigado com os pais mais cedo naquele sábado.

- Do jeito que você fala, até parece que ainda o ama - disse para a mãe.

A mãe, dona-de-casa; o pai, policial e alcoólatra. O rapaz tentava desafiar o pai, mas este revidava na mãe e na irmã menor.
Estava caminhando pela rua naquele dia quando veio o caminhão. Ele nem chegou a perceber a monstruosidade de metal enquanto atravessava a rua - sua mente estava muito focada em seu pai. O motorista não teve culpa, pois o rapaz achou que o tempo havia parado naquele sábado, tinha tanta certeza que o tempo estava congelado que atravessou a rua sem olhar para os lados.

O enterro do jovem foi no dia seguinte; sua família - inclusive o pai - disse algumas palavras sobre as virtudes do rapaz. Na volta para casa, pararam no mercado para comprar ração de cachorro.

O tempo não havia parado para eles também.


Por Alvaro Scorza(visão em um sonho - dia 14/10/2008)

2 comentários:

Alana Wenu disse...

Nossa
O.O

que coisa mais trevosa e mais triste

Adorei!
Inclusive a forma de escrita, o ritmo da narrativa. Na boa, as palavras tão deslizando.
=)
Gosto de continhos assim.

Beijo, biscoitinho!

Alana Wenu disse...

Biscoitinho biscoitinho
escreve mais textinho?
iahiahiahiahiahiahiahiahiahia

=*