segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Fantasias

A memória humana é incerta e imprecisa. Quantas vezes não nos surpreendemos lembrando de coisas que nunca existiram? Acho que o nome disso é ''fantasiar''. Por que fazemos isso? Minha suposição é a de um desejo irracional de que tudo fosse de um certo jeito que na verdade não é. A mesma coisa parece acontecer nos países escandinavos, pois estes são os que possuem melhores índices de desenvolvimento e onde tudo funciona: transporte, emprego, governo...e ainda assim são os que detém o maior índice de suicídio. O ser humano é um eterno insatisfeito: se tudo está ruim, reclama; se tudo está um paraíso, reclama. É da nossa natureza a insatisfação com o meio que nos cerca. Os outros animais apenas existem em seu habitat; nós, por outro lado, temos o dom da inteligência e da percepção e, com base nisso, refletimos sobre tudo que nos cerca. É tão falado sobre o pecado original e tão criticada aquela que sucumbiu à tentação, mas será que não iríamos mudar de idéia em relação à serpente que tentou Eva se estivéssemos até hoje encarcerados em um jardim paradisíaco?Outro fruto dessa brincadeira da mente é a criação de mitos e lendas. Será que não foi uma espécie de histeria ou sonho que criou a idéia de que existe algo maior? Seria muito vazia a nossa existência se ao morrer não vislumbrássemos uma possibilidade de vida após a morte. Graças a isso, conseguimos manter uma certa ordem no mundo ao invés de sucumbirmos à total anarquia. Uma situação hipotética: o cidadão comum vê que não existe um deus, não existe vida após a morte e não existe juízo final. O que ele faz? Vive a vida intensamente, aproveita cada minuto, se diverte, transa...quem há de condená-lo? Quando todos percebermos que o futuro talvez seja uma luz apagada, daremos mais valor aos momentos que passamos na claridade.


Por Alvaro Scorza

3 comentários:

Alana Wenu disse...

Me dá até um alivio entrar no seu blog (pela milésima vez) e DESSA VEZ encontrar algo para ler! hiahiahiahiahia

"que nervoso, as pessoas inteligentes não atualizam"

*como se eu também postasse toooodo dia, né?*
hiahiahiahiahia

enfim

Agora vou ler suas "Fantasias"
xD

Alana Wenu disse...

God! Esse texto tá muito consistente... bem "pensativo e reflexivo"... nem vou conseguir comentar sobre tudo... mas vamos lá... afinal, sou chata demais pra não comentar NADA =S

* A primeira coisa com a qual me identifiquei foi o tal do "lembrar de coisas que nunca existiram". Acho que sempre fiz isso. E com tanta naturalidade que nem nunca questionei o porquê. Talvez tenhamos todos uma inclinação natural a isso mesmo... como você apontou. Lembra que é muito comum que as crianças tenham amigos imaginários?
*Putz, eu tinha uma cobra de imaginação* O.O

Acho que por mais que nos consideremos satisfeitos, nunca acharemos que não há nada a ser melhorado, transformado, metamorfoseado. Mas nem sei se a imaginação vem só da nossa movimentação natural para mudanças.

* Engraçado que realmente o índice de suicídios costuma ser maior nos países de temperatura mais baixona assim...

* Gostei também desse seu questionamento sobre a serpente do Éden. Acho que devemos muito a ela. Creio que eu tenha dito "sim" a todas as serpentes que têm aparecido no meu caminho ultimamente... por mais que isso seja incendiar o Éden dos meus sonhos vez por vez.

* "Será que não foi uma espécie de histeria ou sonho que criou a idéia de que existe algo maior?"
Acho que foi a nossa carência que criou isso... primeiramente porque não encontrávamos explicação para tudo que acontecia na natureza e puutz, que medo que temos, nós humanos, do que nos é desconhecido e incerto, né? Então criamos teorias, histórias e dogmas....
Através da crença em deuses também deixamos de estar sós no mundo. Muito importante para nossa insegurança e carência.

Eu me sentiria muito fraca me rendendo a essas coisas só pra ter segurança e alguma certeza. To bem feliz com o fato de a vida ser incerta.

E também nem tive a visão iluminada para descobrir se há deus, vida após a morte e juízo final. Mas vivo intensamente assim mesmo. E se houver alguma dessas coisas... eu sinto muito por elas. E quanto ao que será de mim, se vou ser punida, se não... depois eu vejo.

E esse foi o maior comentário da vida! Olha que procurei não me aprofundar demais... ¬¬
Foi mal! É que gostei do texto!
hahiahiahiahiahiahia

Bises, biscuit

Alana Wenu disse...

errata:
"cobra de estimação imaginária"

algo do tipo
hiahiahiaahi

=*