Na maior parte do tempo, estou pensando em aspectos da vida que muitas outras pessoas dedicam tão poucas horas de reflexão. A maior parte dos seres humanos simplesmente existe: acorda, trabalha, tem um punhado de amigos, se preocupa com a aparência, com dinheiro, com a busca de um amor...Eu penso na vida em seu aspecto simples. Nós não podemos abandonar completamente uma vida guiada pela sociedade, não podemos deixar de trabalhar e acreditarmos que tudo vai cair do céu.
A vida, no entanto, é extremamente curta. Uma drosófila (espécie de mosca) vive 18 horas. Para a filosofia dessa mosca (se é que moscas tem filosofia) a vida dura apenas 18 horas: começa ao raiar do Sol e termina quando está escurecendo ou nascem na escuridão e encontram seu fim com a claridade. Eu vejo minha vida como as 18 horas da drosófila: vejo meus amigos e lembro de um passado em que a infância era perfeita, vejo as gerações passarem.... Alguns dos que cresceram comigo agora tem filhos e os que eram crianças quando eu já tinha idade pra diferenciar o bem e o mal agora estão escolhendo suas carreiras, crescidos, parte da sociedade. Tenho amigos que já morreram e, assim como o curso da vida, logo me juntarei a eles. E assim tão logo, todos estaremos juntos e nosso tempo nesse mundo terá expirado. Não podemos esperar uma vida centenária nem almejar a imortalidade de Aquiles e outros heróis homéricos que, ainda que mortais, adquiriram vida eterna nas páginas de livros.
Sou professor de inglês e espero poder viver o suficiente pra ver aqueles que ensinei colherem os frutos do estudo e se tornarem, assim como eu espero ser, funcionais. O que podemos esperar de pessoas que se matam por comida, de políticos corruptos, de drogados, prostituição, escravos com menos de 10 anos? Toda a nossa sociedade, assim como a das drosófilas, estará extinta quando o tempo certo vier, quando todos estivermos enterrados e os nossos filhos e os filhos dos nossos filhos já tiverem partido, o que poderemos dizer que conquistamos? Podemos ser felizes com a reflexão de termos tido uma boa vida e cumprido tudo aquilo que trouxe alegria pra alguém e nós mesmos, o ocasional sorriso de uma bela mulher e, hora ou outra, uma melodia que ouvimos e nos traz felicidade.
Por Alvaro Scorza
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
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2 comentários:
"Sed fugit interea
fugit irreparabile tempus"
Eu adoro a sua melancolia (a)temporal, ela se parece tanto comigo. =)
Bises =***
Esse nome é bonito, né?
DROSÓFILA
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