Sobre o amor:
Ou você tem alguma esperança de obter a pessoa amada ou não tem. Assim, no primeiro caso, faça todo o esforço para realizar essa esperança e chegar ao cumprimento dos seus votos; no segundo, tome uma resolução viril, procurando livrar-se de um sentimento funesto que consumirá inevitavelmente todas as suas forças.
Sobre o crime:
É verdade que o roubo é um crime; mas ohomem que se torna ladrão para salvar-se e salvar os seus de morrer de fome merece a compaixãoou o castigo? Quem atirará a primeira pedra no esposo que, numa explosão de cólera justa, mata a esposa infiel e o infame amante; na jovem que, num momento de vertigem, se abandona à ebriedade irresistível do amor?
Sobre a paixão pelas palavras e estórias (ou pela a primeira impressão):
Um autor estraga a sua obra, revendo-a e corrigindo-a para uma segunda edição, pois ela nada ganha quanto ao conteudo poético. A primeira impressão nos encontra em estado passivo a tal ponto, que o homem pode aceitar as coisas mais inverossímeis; e, como se fixam fortemente no seu espírito, ai daqueles que depois pretendam apagá-las ou arrancá-las!
Sobre as pessoas desagradáveis:
A lentidão e os escrupulos exagerados me enervam. Essa gente torna a vida desagradável para eles próprios e para os outros. Mas é preciso resignar-se a isso como o viajante se resigna ao ter de transpor uma montanha. É verdade que o caminho seria mais curto e mais comodo se não fosse a montanha; mas a montanha existe e é preciso seguir viagem!
Sobre a mistura de amor e ódio, seguem os relatos de um homem que amava e não foi correspondido, tendo perdido o amor de sua companheira:
Um dia, sabendo que ela se achava num quarto do andar superior, foi procurá-la, ou por outra, sentiu-se atraído para ela. Repelido em suas declarações, quis violentá-la. Não sabe como isso aconteceu. Toma Deus em testemunho de suas intenções honestas: o que desejava, e desejava-o ardentemente, era desposá-la e passar junto dela o resto da vida. Depois de falar algum tempo, calou-se subitamente como um homem que tem ainda alguma coisa a dizer, mas não ousa. Por fim, confessou-me com a mesma timidez as familiaridadezinhas que ela lhe permitiu e a intimidade que acabou por autorizar entre ambos. Por duas ou três vezes ele se interrompeu, protestando vivamente que não dizia isso para "desprezá-la", que a ama e estima como antes, que nada do que me contou havia contado a outrem, que me dissera tudo para convencer-me que de modo algum é um homem perverso ou insensato. . .
Por Alvaro Scorza
terça-feira, 30 de setembro de 2008
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
Sobre a Brevidade da Vida
Na maior parte do tempo, estou pensando em aspectos da vida que muitas outras pessoas dedicam tão poucas horas de reflexão. A maior parte dos seres humanos simplesmente existe: acorda, trabalha, tem um punhado de amigos, se preocupa com a aparência, com dinheiro, com a busca de um amor...Eu penso na vida em seu aspecto simples. Nós não podemos abandonar completamente uma vida guiada pela sociedade, não podemos deixar de trabalhar e acreditarmos que tudo vai cair do céu.
A vida, no entanto, é extremamente curta. Uma drosófila (espécie de mosca) vive 18 horas. Para a filosofia dessa mosca (se é que moscas tem filosofia) a vida dura apenas 18 horas: começa ao raiar do Sol e termina quando está escurecendo ou nascem na escuridão e encontram seu fim com a claridade. Eu vejo minha vida como as 18 horas da drosófila: vejo meus amigos e lembro de um passado em que a infância era perfeita, vejo as gerações passarem.... Alguns dos que cresceram comigo agora tem filhos e os que eram crianças quando eu já tinha idade pra diferenciar o bem e o mal agora estão escolhendo suas carreiras, crescidos, parte da sociedade. Tenho amigos que já morreram e, assim como o curso da vida, logo me juntarei a eles. E assim tão logo, todos estaremos juntos e nosso tempo nesse mundo terá expirado. Não podemos esperar uma vida centenária nem almejar a imortalidade de Aquiles e outros heróis homéricos que, ainda que mortais, adquiriram vida eterna nas páginas de livros.
Sou professor de inglês e espero poder viver o suficiente pra ver aqueles que ensinei colherem os frutos do estudo e se tornarem, assim como eu espero ser, funcionais. O que podemos esperar de pessoas que se matam por comida, de políticos corruptos, de drogados, prostituição, escravos com menos de 10 anos? Toda a nossa sociedade, assim como a das drosófilas, estará extinta quando o tempo certo vier, quando todos estivermos enterrados e os nossos filhos e os filhos dos nossos filhos já tiverem partido, o que poderemos dizer que conquistamos? Podemos ser felizes com a reflexão de termos tido uma boa vida e cumprido tudo aquilo que trouxe alegria pra alguém e nós mesmos, o ocasional sorriso de uma bela mulher e, hora ou outra, uma melodia que ouvimos e nos traz felicidade.
Por Alvaro Scorza
A vida, no entanto, é extremamente curta. Uma drosófila (espécie de mosca) vive 18 horas. Para a filosofia dessa mosca (se é que moscas tem filosofia) a vida dura apenas 18 horas: começa ao raiar do Sol e termina quando está escurecendo ou nascem na escuridão e encontram seu fim com a claridade. Eu vejo minha vida como as 18 horas da drosófila: vejo meus amigos e lembro de um passado em que a infância era perfeita, vejo as gerações passarem.... Alguns dos que cresceram comigo agora tem filhos e os que eram crianças quando eu já tinha idade pra diferenciar o bem e o mal agora estão escolhendo suas carreiras, crescidos, parte da sociedade. Tenho amigos que já morreram e, assim como o curso da vida, logo me juntarei a eles. E assim tão logo, todos estaremos juntos e nosso tempo nesse mundo terá expirado. Não podemos esperar uma vida centenária nem almejar a imortalidade de Aquiles e outros heróis homéricos que, ainda que mortais, adquiriram vida eterna nas páginas de livros.
Sou professor de inglês e espero poder viver o suficiente pra ver aqueles que ensinei colherem os frutos do estudo e se tornarem, assim como eu espero ser, funcionais. O que podemos esperar de pessoas que se matam por comida, de políticos corruptos, de drogados, prostituição, escravos com menos de 10 anos? Toda a nossa sociedade, assim como a das drosófilas, estará extinta quando o tempo certo vier, quando todos estivermos enterrados e os nossos filhos e os filhos dos nossos filhos já tiverem partido, o que poderemos dizer que conquistamos? Podemos ser felizes com a reflexão de termos tido uma boa vida e cumprido tudo aquilo que trouxe alegria pra alguém e nós mesmos, o ocasional sorriso de uma bela mulher e, hora ou outra, uma melodia que ouvimos e nos traz felicidade.
Por Alvaro Scorza
Palavras-chave:
breve,
curta,
drosófilas,
moscas,
vida
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